2012 e a Ascensao Planetaria

domingo, 6 de setembro de 2009

Os girassóis e nós


Nós estamos todos num mesmo campo.
Eles são submissos. Mas não há sofrimento
nesta submissão. A sabedoria vegetal os
conduz a uma forma de seguimento
surpreendente. Fidelidade incondicional
que os determina no mundo, mas sem
escravizá-los.

A lógica é simples. Não há conflito naquele
que está no lugar certo, fazendo o que deveria.
É regra da vida que não passa pela força do
argumento, nem tampouco no aprendizado
dos livros. É força natural que conduz o caule,
ordenando e determinando que a rosa realize
o giro, toda vez em que mudar a direção do
Regente.

Estão mergulhados numa forma de saber milenar,
regra que a criação fez questão de deixar na
memória da espécie. Eles não podem sobreviver
sem a força que os ilumina. Por isso, estão entregues
aos intermitentes e místicos movimentos de procura.
Eles giram e querem o sol. Eles são girassóis.

Deles me aproximo. Penso no meu destino de ser
humano. Penso no quanto eu também sou necessitado
de me voltar para uma força regente, absoluta,
determinante. Preciso de Deus. Se para Ele não
me volto corro o risco de me desprender de minha
possibilidade de ser feliz. É n'Ele que meu sentido
está todo contido. Ele resguarda o infinito de tudo
o que ainda posso ser. Descubro maravilhado. Mas
no finito que me envolve posso descobrir o desafio
de antecipar no tempo o que n'Ele já está realizado.

Então intuo. Deus me dá aos poucos, em partes, dia
a dia, em fragmentos. Eu d'Ele me recebo, assim
como o girassol se recebe do sol, porque não pode
sobreviver sem sua luz. A flor condensa, ainda que
de forma limitada, porque é criatura, o todo de sua
natureza que o sol potencializa.

O mesmo é comigo. O mesmo é com você. Deus é
nosso sol e nós não poderíamos chegar a ser quem
somos, em essência, se n'Ele não colocarmos a
direção dos nossos olhos. Cada vez que o nosso
olhar se desvia de Sua regência, incorremos no
risco de fazer ser o nosso sol o que na verdade
não passa de luz artificial.

Substituição desastrosa que chamamos de idolatria.
Uma força humana colocada no lugar de Deus. A
vida é o lugar da Revelação Divina. É na força da
história que descobrimos os rastros do Sagrado.
Não há nenhum problema em descobrir, nas
realidades humanas, algumas escadarias que
possam nos ajudar a chegar ao céu. Mas não
podemos pensar que a escadaria é o lugar definitivo
de nossa busca. Parar os nossos olhos no humano
que nos fala sobre Deus é o mesmo que distribuir
fragmentos de pólvora pelos cômodos de nossa
morada. Um risco que não podemos correr.

Tudo o que é humano é frágil, temporário, limitado.
Não é ele que pode nos salvar. Ele é apenas um
condutor. É depois dele que podemos encontrar o
que verdadeiramente importa. Ele, o fundamento
de tudo o que nos faz ser o que somos. Ele, o Criador
de toda realidade. Deus trino, onipotente, fonte
de toda luz.

Sejamos como os girassóis...

Uma coisa é certa. Nós estamos todos num mesmo
campo. Há em cada um de nós uma essência que
nos orienta para o verdadeiro lugar a que precisamos
chegar, mas nem sempre realizamos o movimento
da procura pela luz.

Sejamos afeitos a este movimento místico, natural.
Não prenda os seus olhos no oposto de sua felicidade.
Não queira o engano dos artifícios que insistem em
distrair a nossa percepção. Não podemos substituir
o essencial pelo acidental. É a nossa realização que
está em jogo.

Girassol só pode ser feliz se para o sol estiver
orientado. É por isso que eles não perdem tempo
com as sombras.

Eles já sabem, mas nós precisamos aprender
.
Padre Fábio de Melo

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