2012 e a Ascensao Planetaria

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O JOGO DA VIDA


(Alguém aí tem o telefone do juiz?)
(Autor: Antonio Brás Constante)


A vida é uma competição onde cada jogador
participa de apenas uma partida, seguindo
regras ditadas por um juiz que montou a
estrutura do jogo em alguns dias e depois
largou tudo e foi descansar, sem se preocupar
em criar uma manual de instruções que
definisse entre outras coisas: a forma de
jogar, o número ideal de jogadores, qual é o
prêmio, ou mesmo qual é a música.

Jogam em um campo chamado Terra, mas já
vislumbrando a conquista de novos estádios
em outras constelações. O campo não é dos
melhores, sendo repleto de grandes poças de
água doce e salgada que muitos julgam ser
fruto de uma colossal chuvarada conhecida
por dilúvio, um evento que trouxe a salvação
de alguns poucos por meio de informações
privilegiadas, enquanto todo resto da
humanidade ficou literalmente boiando.

Nesta partida a bola tem muitos nomes:
felicidade, sucesso, dinheiro, o telefone da
Gisele Bündchen, e na época do descobrimento
do Brasil alguns até queriam que fosse um
encontro romântico com a Derci Gonçalves
(uma bela jovem naquela época).

Trata-se de um jogo contra muitos adversários,
entre eles: a escassez de recursos, as doenças,
os desastres naturais, nossos próprios medos,
mas principalmente, jogam porque acham que
este campeonato irá definir quem vai ser
escalado para jogar posteriormente no time
lá de cima como artilheiro ou no lá de baixo como
goleiro. O pior é que os quase sete bilhões de
jogadores acabam sempre jogando uns contra
os outros.

Apesar da ausência de um juiz que organize a
bagunça, o que não falta é gente dizendo que
consegue se comunicar com ele. Primeiro diziam
que ele se dirigia a eles através dos raios e
trovões. Com o passar do tempo a conversa passou
a ficar mais eclética e misteriosa, acontecendo
sempre em segredo, apenas para uns poucos
iluminados, que afirmavam o gosto do juiz por
sacrifícios de virgens, sem entrar muito em
detalhes dos seus motivos.

Logo as virgens foram ficando escassas e eles
tiveram que reformular as regras, passando a
perseguir e queimar bruxas, algo que consistia
apenas em achar uma infeliz e acusa-la de atos
pagãos sobre qualquer pretexto furado, adicionar
um punhado de lenha, convidar todos os bons
cidadãos do vilarejo para o show de fé e atear
fogo na pobre criatura (alguns dizem que os
gaúchos aprimoraram a idéia e dali nasceu a
tradição do churrasco). Tais atitudes talvez
até tenham sido o princípio das causas do
efeito estufa em nosso planeta.

Após o espetáculo de horrores pirotécnico,
muitos voltavam para suas casas comentando
sobre o aumento do número de bruxas nos
últimos tempos, sem se dar conta de como
aqueles terríveis e fantásticos poderes que
diziam que elas tinham, mostravam-se ineficazes
para salva-las do fogo purificador da inquisição.
Mas o mundo evoluiu bastante, e a fumaça que
antes avisava sobre os momentos finais das
feiticeiras, hoje serve para informar sobre
a escolha de novos ícones religiosos,
devotados a buscar uma nova era de castidade,
aumentando o número de virgens, e quem
sabe assim, até poder reiniciar o processo de
comunicação divina como nos tempos de
outrora.

Se o ser humano parasse um pouco de ficar
adorando onipotentes ídolos, deixando
principalmente de seguir cegamente os mandos
e desmandos de seus pretensos escolhidos, e
passasse a ouvir, amar e se preocupar mais
com seus semelhantes, a humanidade conseguiria
enfim formar um único time em prol da vida,
unidos na busca de uma verdadeira vitória
.

Nenhum comentário: